Abrindo mão
(Davy Kemp)
Houve um tempo que eu lutaria por você contra qualquer força que ousasse tentar levar você de mim, até que você foi perdendo o brilho que iluminava meus dias, e apesar de o meu amor continuar a ter a mesma força, eu já aceitava a condição de perder você para o tempo.
Os dias se passaram e eu percebia que o meu amor ia adormecendo, tirava alguns cochilos e você não fazia nada para acordá-lo, ele dormia e despertava sozinho, pois apesar de ousar deixar você sem a segurança dele, se sentia inseguro de deixá-la totalmente livre, pois corria o risco de perdê-la.
Com o tempo eu fui percebendo que o brilho que havia em você era um reflexo da luz dos meus olhos, eram meus olhos que brilhavam ao ver tudo aquilo que você representava, mas seus olhos eram como espelhos e trazia a projeção de tudo que eu lhe dava de volta para mim, até que um dia a vidraça em seus olhos foi quebrada, e percebi que a projeção do que eu transmitia, já não era a mesma, e eu já não recebia de volta aquilo que lhe dava, e junto a um sentimento que já não era o mesmo, eu fui abrindo mão de você.
De fato eu já não era o mesmo quando você perguntou sobre os meus sentimentos, mas eu estava disposto a lhe pertencer por toda minha vida, se eu não tivesse assistido cada pedaço de vidro do seu espelho cair e ferir meus dedos na tentativa inútil de ter você de volta como sempre foi.
Anos se passaram e ás vezes o fantasma de você me assombra, e o amor adormecido ameaça acordar mais forte, refletindo em minha alma o sentimento que eu havia esquecido, e eu tenho medo, muito medo de bater a sua porta e você me aceitar, e arriscar perder tudo aquilo que perdi certa vez, e abrir mão de tudo que ganhei por perder você.
Certa vez eu me perdi amar você
Sem saber,
Se realmente era você que eu queria
Certa vez eu me permiti abandonar você
Sem saber,
Os danos que sua ausência me faria