sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Caprichoso - Quando e como eu quero...




Da forma que preciso
(Davy Kemp)


Vejo a última luz se apagar diante de mim, me deixando num escuro inconsolável, amedrontador, mas que me ensina a vencer os medos, meu medos mais primitivos, como o medo de morrer e ver morrer. Sei que um dia, diante dos meus olhos só me restarão sombras e a imagem fúnebre de tudo aquilo que perdi. É da vida, ver as pessoas partirem uma a uma, e ter de consolar-se que laços são rompidos desde o nascimento quando o cordão umbilical dá a opção da mãe ter ou abster-se da vida que saiu de suas entranhas. Ninguém pertence a ninguém a não ser a si mesmo, e eu estou aprendendo isso cedo, a vida tem sido cruel o bastante para me mostrar isso, e eu tenho aprendido na carne o que é solidão.
                O tempo vai passando e deixando marcas no rosto, e um peito vazio, cheio de vontades não atendidas. Só Deus sabe há quanto tempo não tenho recebido um abraço vivo, daqueles que aquece sua pele, coração e alma, e quanto tenho ansiado por isso, dia a dia. Mas tenho me conformado a imaginar como bom seria se de fato fosse algo além de fantasias, desejos, e criações de minha imaginação esse tal de para sempre.
                As vezes vai criando calos na alma, até criar feridas, e nesse ciclo, eu vou vivendo, sempre querendo, e ao mesmo tempo aceitando não ter, e meu maior conforto é ter a certeza de que nunca o tive, pois morreria se tivesse que aceitar que o perdi. A verdade é que eu e o amor andamos em direções opostas, talvez porque ele não se agrade do meu modo de vestir, pensar ou me expressar. Talvez ele também acredite nas minhas inverdades e calúnias que crio sobre minha própria imagem.
                As vezes me pergunto o que quero e espero do amor, e conscientizo-me que tudo que preciso e de um pouco de atenção. O amor não precisa estar aqui sempre, mas tem quer estar pronto para mim para sempre, nas horas que dele eu mais precisar. A paciência tem se tornado o fingimento mais algoz, assim como o falso desinteresse, eu finjo não querer, não precisar, mas estou altamente carente e necessitado da presença de alguém que tenha os valores necessários para dividir um beijo comigo.
                Mas as luzes se apagaram uma a uma, e a esperança morreu, indicando ser mesmo o fim. Mas ela não foi a última a morrer, ela morreu, a esperança morreu, mas eu, eu sobrevivi, eu amadureci, e aprendi a me sujeitar, apesar de não aceitar viver a vida como ela é, fria, solitária e egoísta.

Um comentário:

Geri Halliwell

Geri Halliwell
Por que ficar guardando as coisas? Você nunca deve deixar que as suas posses o dominem.